Cinco Filmes...

O Pinguim colocou-me um desafio...
Pretendia ele que eu nomeasse os 5 filmes de que mais gostei até hoje.
A minha primeira reacção, e disso lhe dei conta, foi de que não seria capaz... E de facto não fui...
Fiz o exercício de começar uma lista e ir eliminando. Contudo, cheguei a certa altura que me deparei com o pensamento – este eu não posso mesmo deixar de nomear…Não seria mau…não fora estar perante uma lista de uns vinte filmes.

Assim, resolvi subverter o desafio. eh eh eh ! Eu sou tramado!!!

Vou nomear 5 filmes, que gostei, e que tem associado a cada um, alguma “história” da minha vida.

MÚSICA NO COROAÇÃO (1965)

Um filme de Robert Wise. A história do filme é baseada na vida da família de cantores Von Trapp da Áustria

Sem dúvida o filme que me acompanhou durante anos e anos. Este filme foi responsável por, durante muito tempo, a nossa família toma-se o nome dos Von Trapp. Na altura, e dado que a família era numerosa, tínhamos uma carrinha Chevrolet com barras de madeira semelhantes à que a família original usava. Para além deste episódio e dado que tive sempre sobrinhos e filho com idade de “Música no coração”, durante muitos anos revia o filme que era reposto na altura do Natal.

CABARET (1972)

Dirigido por Bob Fosse, o filme é baseado num livro de Christopher Isherwood e numa peça teatral de John Van Druten.
Na Alemanha, durante a ascensão do nazismo, uma cantora e dançarina envolve-se ao mesmo tempo com um homem e um nobre alemão.

Este filme, simultaneamente um musical e um filme de análise da ascensão do nazismo, tem cenas muito arrojadas para a época. Contudo, não é uma cena dessas que fez a marca na minha vida. Na altura que estava a concluir a minha licenciatura, para fazer o trabalho final de curso, trabalhei durante várias semanas com um colega até altas horas da noite. Como ele não tinha carro e trabalhávamos na minha casa, ia levá-lo a casa no final dos trabalhos. Um dia, ao passarmos por baixo de uma ponte do comboio, ia um comboio a passar. Abrimos a janela e fizemos como no filme – gritámos a plenos pulmões a coberto do barulho do comboio tal como Liza Minelli fazia no filme. Claro que a cena repetiu-se muitas vezes!!!

A AVENTURA DO POSSEIDON (1972)

Um filme de Ronald Neame que conta a história de um transatlântico de luxo, o S.S. Poseidon, que é atingido na véspera de Ano Novo por uma onda gigantesca, fazendo-o virar de cabeça para baixo. Um grupo de sobreviventes, liderados pelo reverendo Frank Scott, que está num salão de baile do convés superior, tenta chegar à casa de máquinas.

É sem dúvida um filme de “suspense” muito bem conseguido para a época. Fui ver este filme com uma amiga minha que o viveu com tanta intensidade que lhe provocou um falso sopro no coração detectado pelo médico que a viu a seguir ao filme. De facto, passados uns dias o sopro tinha desaparecido. Há também uma cena que achei particularmente bem conseguida e que me lembro muitas vezes. Durante o percurso do convés para a casa das máquinas vai-se vendo sempre tudo de “pernas para o ar”. Um dos locais que o grupo passa é uma casa de banho. Delicioso ver os tampos das sanitas pendurados no tecto, os rolos de papel higiénico…

PROVIDENCE (1977)

Um filme de Alain Resnais.
Durante uma noite de Inverno, um velho doente vai misturando as suas fantasias com a realidade envolvendo os membros da sua própria família. De início tudo é relativamente claro, mas com o avançar da noite, torna-se tudo mais confuso. De manhã, as diferentes personagens encontram-se para um almoço de aniversário.

Na época este filme teve muita projecção entre a classe dita “intelectual”. Falava-se muito e toda a gente queria ir ver. Eu fui com um grupo de amigos – na altura era normal ir ao cinema em manada!!! Quando saímos e fomos comer um gelado, toda a gente dizia maravilhas e fazia as interpretações mais incríveis que se possa pensar. Antevendo que a maioria das pessoas tinha percebido tanto ou menos do filme, resolvi abrir o jogo e dizer que não tinha percebido nada. Que para mim aquilo eram dois filmes que tinham sido cortados aos bocados e refeitos com os bocados ao acaso.
Gostaria muito de ter oportunidade de rever este filme!

FRIDA (2002)

Realizado por Julie Taymor o filme retrata a vida da pintora mexicana Frida Kahlo, desde a sua adolescência até à morte. Frida Kahlo foi um dos principais nomes da história artística do México. Conceituada e aclamada como pintora, ela teve também um casamento aberto com Diego Rivera, seu companheiro também nas artes, e ainda um controverso caso com o político Leon Trostky e com várias outras mulheres.

Quando alguém que adorava o filme mo mostrou, tinha visto, havia pouco tempo, a exposição de pintura dela. Para além de ter ficado a conhecer e perceber muito melhor Frida Kahlo, através da banda sonora descobri cantoras que não conhecia e ficaram a fazer parte das minhas eleitas. Refiro-me a Chavelas Vargas que no filme canta Paloma Negra e La Llorona e Lila Downs que canta também este último tema e ainda Estrella Oscura. Para além disto posso referir que essa pessoa, com quem convivi quase um ano, pouco mais me deixou que isto… contudo, e só por isto, valeu a pena!!!