Apelo de Sérgio Godinho *
ESPALHEM A NOTÍCIA, ou CHAMEM A POLÍCIA ?
Acabo de receber, por vários amigos, a notícia:
Um "blogue do não" usou nas suas páginas uma canção minha, para, em última análise, promover os seus pontos de vista em relação ao referendo de Domingo.Para mim, não é um assunto novo. Muitas vezes, canções inteiras foram usadas em contextos ampliados — e muitas vezes amplificados. E muitas outras se apropriaram de frases minhas para dizer — e pensar — outras coisas. Goste ou não goste (e gosto várias vezes) acho que tudo isso faz parte de qualquer acto criativo. Se não o quisesse expor a esse risco, guardava-o na gaveta.Só que há limites, claro.Desde já, neste caso enganaram-se, não só na intenção, mas no próprio título da canção.Em vez de "Espalhem a notícia" deviam ter posto (e postado) "Chamem a polícia"...A minha canção é uma elegia à qualidade da vida, e também à alegria consciente de dar à luz um novo ser.Nada que se pareça com humilhação, falsas promessas de apoio a gravidezes indesejadas, sugestões de trabalho comunitário para substituir penas de prisão, e outras pérolas que tais.E sim, sim à vida que a canção exalta e reconhece.Espalhem a notícia.
Sérgio Godinho
* Por sugestão do Bernardo Moura, pedindo desculpa a quem leia o mesmo nos dois blogs.
Acabo de receber, por vários amigos, a notícia:
Um "blogue do não" usou nas suas páginas uma canção minha, para, em última análise, promover os seus pontos de vista em relação ao referendo de Domingo.Para mim, não é um assunto novo. Muitas vezes, canções inteiras foram usadas em contextos ampliados — e muitas vezes amplificados. E muitas outras se apropriaram de frases minhas para dizer — e pensar — outras coisas. Goste ou não goste (e gosto várias vezes) acho que tudo isso faz parte de qualquer acto criativo. Se não o quisesse expor a esse risco, guardava-o na gaveta.Só que há limites, claro.Desde já, neste caso enganaram-se, não só na intenção, mas no próprio título da canção.Em vez de "Espalhem a notícia" deviam ter posto (e postado) "Chamem a polícia"...A minha canção é uma elegia à qualidade da vida, e também à alegria consciente de dar à luz um novo ser.Nada que se pareça com humilhação, falsas promessas de apoio a gravidezes indesejadas, sugestões de trabalho comunitário para substituir penas de prisão, e outras pérolas que tais.E sim, sim à vida que a canção exalta e reconhece.Espalhem a notícia.
Sérgio Godinho
* Por sugestão do Bernardo Moura, pedindo desculpa a quem leia o mesmo nos dois blogs.
Etiquetas: Politiquices
5 COMENTÁRIOS:
Ainda bem que espalhaste a notícia. Ainda não sabia disto.
É mais uma prova - entre várias, muitas outras - do abastardamento e subversão de opiniões, do cinismo, do falso pudor e das atoardas de quem não olha a meios para atingir os fins.
A argumentação do não (como, de resto, alguma do sim) tem-se revelado a um nível exasperadamente baixo e despudoradamente terrorista. Esgrimem-se falsas verdades, puxando ao sentimentalismo e à emoção primária com uma baixeza de nível que ronda o vómito.
A propósito: há legitimidade para o código canónico excomungar uma mulher que faça um aborto e perdoar simplesmente aquela que comete infanticídio?
Em todo o caso, continuo na minha: este país não tem cultura, literacia e instrução suficiente para aguentar um referendo. Seja qual for o assunto, seja qual for a escolha.
Concordo com o Catatau.
Concordo mais ainda com o Sérgio Godinho.
"Espalhem a notícia" é uma das mais belas canções do Sérgio e era como começava o SMS que enviei para anunciar o nascimento do "Bernas" há 4 anos atrás, justamente porque é uma celebração à vida......
A terra tremeu ontem
não mais do que anteontem
pressenti-o
o ventre de que falo como um rio
transbordou
e o tremor que anunciava
era fogo e era lava
era a terra que abalava
no que sou
Às vezes há quem se "apodere" das palavras "alheias", e delas faça uso use deturpado.
A propósito: Porque será que aquando de um aborto apenas se senta no banco dos réus a mulher?!
É o nítido desespero dos apoiantes do "não". Utilizam os meios mais nojentos que tenho visto. Este é um deles...
Estou farto de brincar aos referendos. Daqui a uns anos se mudar o governo ainda lhes vai dar na cabeça para fazer mais um novo referendo sobre o aborto. E entretanto lá se vai pondo portugueses contra portugueses, camuflando os verdadeiros problemas reais do país e a miséria em que isto se está a transformar. O meu sentido de voto está mais do que tomado mas só os amigos ( o imperador é um deles)sabem qual a minha opção. Tento passar ao lado de campanhas, de insultos pois sinceramente tenho mais que fazer. Ainda ontem, ao recusar aceitar um panfleto de um dos movimentos fui acusado de reacionário. Que se lixe. Os cães ladram e a caravana passa. Bom fim de semana.
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